Polvo Vulgaris
IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
O polvo-comum (Octopus vulgaris Cuvier, 1979) pertence à Ordem Octopoda, Classe Cephalopoda e Filo Mollusca. São animais de médio e grande porte, podendo os indivíduos desta espécie atingir 1600 mm de comprimento e um peso total igual, ou até mesmo superior, a 10 Kg. O seu corpo é mole, constituído pelo manto sacular, onde se observa a existência de um par de brânquias, com 7 a 11 lamelas branquiais externas. Possui 8 braços bucais de tamanho médio, raramente excedendo o triplo do comprimento do manto, sendo o primeiro par o mais curto e o segundo e terceiro pares mais longos e espessos. Uma característica importante, e que permite a distinção entre o polvo-comum e o polvo-do-alto ou polvo-cabeçudo (Eledone cirrosa), consiste na existência de duas fiadas de ventosas nos braços do primeiro, enquanto que os do segundo só possuem uma. O número de ventosas varia entre 160 e 180. A coloração do polvo é muito variável (acinzentada, acastanhada ou avermelhada), dependendo do estado do animal, mas geralmente apresenta um padrão mosqueado ou reticulado.
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA
O polvo é uma espécie com uma vasta distribuição mundial, ocorrendo nas águas tropicais, subtropicais e temperadas, sendo muito comum na Península Ibérica, Mediterrâneo, Atlântico Este e águas japonesas. O Octopus vulgaris é a espécie de polvo mais comum na costa portuguesa e existe praticamente ao longo de toda a sua extensão, desde a zona intertidal (zonas rochosas) até profundidades superiores a 150 m.
ECOLOGIA
Os indivíduos da espécie Octopus vulgaris são indivíduos solitários (exceptuando durante a corte nupcial), e estão adaptados a viver em habitats muito diversos, ocupando desde recifes de coral e zonas rochosas até fundos arenosos ou vasosos.
Os polvos podem aproveitar pequenas fendas e buracos existentes nas rochas para se protegerem ou esconderem de possíveis predadores. No entanto, sabe-se que eles vivem habitualmente em abrigos, que podem ser desde formações naturais de substrato, a colecções de pedras e conchas, ou até mesmo em "lixo" proveniente da actividade do homem, como peças de cerâmica, canecas ou vasilhas, pneus, etc.
ALIMENTAÇÃO
Tal como a maior parte dos cefalópodes, o O. Vulgaris é uma espécie carnívora durante todo o seu ciclo de vida. Alimenta-se de uma grande variedade de presas, embora a sua preferência recaia nos crustáceos (especialmente caranguejos), seguindo-se os moluscos e por fim os peixes.
A captura de presas móveis, como é o caso dos caranguejos, é feita através de um ataque frontal rápido, em o polvo salta sobre a sua presa com os braços e membrana interbraçal estendidos, formando como que um pára-quedas, que envolve a presa. Esta é então levada até à boca, onde a saliva é injectada. A saliva contém uma toxina, a cefalotoxina, que paralisa a presa e que, simultaneamente, actua de forma altamente específica sobre os ligamentos músculo-esqueleto do caranguejo, fazendo com que os tecidos se desprendam do exosqueleto. A maioria do músculo mole da presa é ingerido, sem que se dê a ingestão da maior parte das estruturas duras dos crustáceos.
MIGRAÇÃO
Parecem existir migrações sazonais no polvo-comum, pelo menos nalgumas zonas da sua área de distribuição. Estas deslocações são de natureza reprodutora, deslocando-se os indivíduos maduros em direcção à costa durante o Verão.
REPRODUÇÃO
Nos polvos os sexos são separados e os machos distinguem-se das fêmeas, internamente pela diferente constituição dos seus órgãos sexuais, e externamente por possuírem um braço transformado em hectocótilo, estrutura que possibilita o acto sexual.
O ciclo de vida de O. Vulgaris compreende várias fases sequenciais, desde o embrião, passando pela fase larvar, juvenil, subadulto, adulto até ao estádio senil.
A reprodução é o processo que determina o fim do ciclo de vida de O. Vulgaris, especialmente nas fêmeas, que morrem depois de efectuarem a postura e cuidarem dela. Os machos atingem a senilidade depois do período de cópula, que pode durar cerca de 40 dias.
INIMIGOS NATURAIS
Os polvos são componentes fundamentais na dieta de peixes, mamíferos marinhos e aves marinhas.
MOVIMENTO
Os cefalópodes nadam por meio da expulsão forçada de água da cavidade do manto, através de um sifão (funil ventral), num mecanismo semelhante à propulsão a jacto, sendo a velocidade controlada pela força com que a água é expelida.
Os polvos nadam para trás, mas estão melhor adaptados para se movimentarem por cima das pedras e corais, usando os discos de sucção dos seus braços para se deslocarem ou se fixarem.
BIBLIOGRAFIA
Guerra, A. (1979). Aspectos da Biología do polbo comum. Bol. Soc. Gal. Hist. Nat., 3(2): 75-79.
Mangold, K. (1983). Food, Feeding and Growth in Cephalopods.In Memoirs of the National Museum of Victoria, 44. 81 - 93.
Nesis, K. (1987). Cephalopods of the World. Squids, Cuttlefishes, Octopuses and Alies. THF Publications, Inc. Ltd. (L. Burgess, Ed). 351pp.
Roper, C; Sweeney, M; Nanen, C. (1984). Cephalopods of the World. An Annotated and Illustrated Catalogue of the Species of Interest to Fisheries. FAO Fisheries Synopsis (FIRM/S125 vol.3) (Fao species catalogue) 125(3): 277pp.